segunda-feira, 16 de julho de 2012

As Meninas

Lygia Fagundes Telles
304 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Julho.

Sinopse: Não foram muitos os escritores que, no auge da ditadura militar no Brasil, abordaram em seus textos temas como a repressão e a tortura e escreveram obras de contestação como 'As Meninas' , de Lygia Fagundes Telles. Livro árduo, dolorido e lindo, As meninas relata os conflitos no relacionamento de três jovens que têm entre si um ponto em comum, a solidão, e como pano de fundo os governos militares. Três universitárias compartilham com algumas freiras um pensionato em São Paulo. Ana Clara gosta de um traficante e vive drogada. Lia briga contra o regime. Lorena, filhinha de papai, ajuda as outras duas com dinheiro. Lia se envolve com Miguel, que é preso e trocado por um diplomata. Sem ligar para a política ou as drogas, Lorena se apaixona por um médico casado e pai de cinco filhos. Um enorme espaço separa o universo das pensionistas e seus dramas das religiosas, que se apavoram com a liberdade das três moças.


Resenha: A escrita do livro é dificílima. Alguns trechos, especialmente de Ana Clara, a escrita é aquela 'vomitada'. Ou seja, a autora escreve sem qualquer nexo perceptível para quem vê pela primeira vez. Além disso, a vírgula é luxo neste momento, fazendo que seja uma escrita apenas enfeitada com os habituais pontos finais.
Porém, após muita batalha, adaptei-me ao estilo de Lygia neste romance. O enredo é formidável, com três personagens que marcam com perfeição a sociedade na época dos 'anos de chumbo'. Uma garota que descobre o recém popularizado mundo das drogas, uma comunista que luta pelos direitos do povo e uma garota que pensa apenas em se deleitar com os prazeres do mundo. Três personalidades que também podem ser encontradas nos dias atuais.
Li o livro com uma rapidez estonteante e confesso que já virei fã. Lygia, que já era uma das minhas autoras preferidas, entrou para o meu TOP 10 de escritores favoritos. 
Recomendo, e muito, a leitura deste romance. É simplesmente formidável e fascinante.

+ Abaixo, um trecho do filme 'As Meninas', adaptação do livro homônimo acima citado.


Nota: 10 / Skoob: 5 Estrelas

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Leite Derramado

Chico Buarque
195 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Julho.

Adoro Chico Buarque. Acho ele um gênio. Compositor extremamente acima da média e que hoje em dia anda, injustamente, meio escondido pelo mídia. Ao invés de 'Tchu, Tcha' e outras músicas sem sentido que andam tocando por aí, deveria ser tocado Chico. E por esses motivos, me senti extremamento incitado em ler os livros dele. Comecei por 'Leite Derramado', ganhador do Prêmio Jabuti 2010.

Sinopse: Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. A visão que o autor nos oferece da sociedade brasileira é extremamente pessimista: compadrios, preconceitos de classe e de raça, machismo, oportunismo, corrupção, destruição da natureza, delinquência.



 

Resenha: O livro tem o benefício de prender rápido e facilmente o leitor. Talvez por ser pequeno, faça com que se leia a obra em um dia. Foi o que aconteceu comigo. Comecei a ler com certo receio. Achei a narrativa no começo um tanto chata e desconexa. Foram necessário alguns minutos e releituras extras para poder entrar no ritmo da obra. Mas quando entrei no mundo ficcional, porém extremamente próximo da realidade, me deliciei e vi o quanto Chico também escreve belos romances.
O que me desmotivou um pouco durante o deleite de 'Leite', com o perdão do trocadilho, foi os fatos se repetirem a todo o instante. Isso deixa a obra um tanto cansativa, mas nada que tire o brilho central da obra: o enredo. Ele é muito bem estruturado. É fantástico. O desenvolvimento e o final também me agradaram, apesar de que este desfecho pode deixar muitas pessoas frustadas. 
Não sei bem. Gostei muito do livro. Muito mesmo. Mas creio que se tivesse sido escrito por um qualquer tentando entrar no mundo da literatura, iria ser bombardeado com críticas negativas. Acho que ele foi meio superestimado. É um ótimo livro, mas não merecedor de um Jabuti.

+ Abaixo, um vídeo do Chico lendo um trecho do seu livro.


Nota: 8 / Skoob: 3 Estrelas

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Restaurante no Fim do Universo

Douglas Adams
240 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Junho.

Sou Geek e, claro, adoro toda a obra e genialidade de Douglas Adams. 'O Restaurante no Fim do Universo' é o segundo livro da famosa 'trilogia de cinco livros' que Adams criou, começando pelo sensacional 'Guia do Mochileiro das Galáxias'. Abaixo você pode ler a resenha sobre este meu livro, que faz parte desta série que figura entre as minhas preferidas.

Sinopse: O que você pretende fazer quando chegar ao Restaurante no Fim do Universo? Devorar o suculento bife de um boi que se oferece como jantar ou apenas se embriagar com a poderosa Dinamite Pangaláctica, assistindo de camarote quando tudo se acaba numa explosão fatal? A incrível continuação das aventuras de Arthur Dent e seus quatro amigos começa a bordo da nave Coração de Ouro, rumo ao restaurante mais próximo. Mal sabem que eles farão uma viajem no tempo e que o desfecho será simplesmente incrível.

Douglas Adams
Resenha: Se compararmos este livro com o primeiro da série, percebe-se que o autor conseguiu manter o mesmo ritmo da história e deixar a história ainda mais engraçada. Marvin que, para mim, é o personagem mais engraçado da história, continua impagável com seus sofrimentos inexplicáveis, apesar de ter ficado meio de lado neste volume. Apareceu poucas vezes, o que me obrigou a não dar nota máxima para o 'Restaurante'. Uma pena.
Porém, os outros personagens tiveram a chace de se mostrarem mais para o público conhecer mais a personalidade de cada um. Principalmente de Zaphod Beeblebrox, personagem que não gosto muito. Prefiro bem mais Marvin, como já citado, Dent e Ford Perfect.
E além de mais cômico, o livro também traz mais indagações filosóficas, que virão a se tornar uma constante no restante da obra do autor.
A teoria de criação do planeta mostrou ser uma das partes de todos os livros da série com mais momentos de diversão e filosofia misturados. Realmente muito, muito interessante.
O final é extremamente instigante e deixa qualquer um com vontade de ler os próximos volumes da série para saber o que vai acontecer com cada um daqueles personagens diferentes e completamente malucos. Recomendo veementemente a leitura!

+ Abaixo, o trailer do filme baseado no primeiro volume da série: 'Guia do Mochileiro das Galáxias'. Não gostei do filme, mas se alguém quiser ter uma imagem mais real dos fatos que se desenrolam no filme, vale a pena ver.


Nota: 9 / Skoob: 4 Estrelas

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Nick Of Time - Uma Aventura Pelo Tempo

Ted Bell
336 páginas

* Esta resenha pertence ao Desafio Literário de Junho.

Confesso que comprei este livro por dois motivos em específico: pelo design da capa e pela intitulação de 'autor bestseller pelo NYT'. Motivos pelos quais não pretendo mais usar para comprar um livro, pois pode ser bem decpcionante.

Sinopse: Mantendo a Tradição de Romances Épicos como 'A Ilha do Tesouro', de Louis Stevenson, esta é uma história maravilhosa de viagem no tempo, aventuras e riquezas, na qual um menino de 12 anos, Nicholas McIver, se expõe para se tornar o herói da própria vida.
O protagonista tem que enfrentar inimigos cruéis em dois séculos, na terra e no mar, para ajudar a derrotar aqueles determinados a destruir seu lar e sua família.

Ted Bell
Resenha: Posso dizer que o livro tem apenas dois momentos bons. O primeiro é quando Nick, o protagonista, descobre que pode viajar no tempo. É um momento interessante e muito bem narrado. O outro é o final mesmo. Por dois motivos: pela certa agilidade e desenrolar de fatos e por saber que acabou o livro, que se arrastou por quase 350 páginas.
A maior parte do livro é chata. Não acontece nada. Personagens com personalidades fracas e que não prendem. Cheguei ao final do livro sem nenhuma afeição aos persongens. Não cativaram e o autor não soube criar personalidades que convencessem.
A nota que irei dar é devido à boa ideia de enredo do autor e por esses dois momentos que citei. Sinceramente não recomendo. Melhor ler 'A Ilha do Tesouro' e não confiar mais em capas e em títulos de 'autor bestseller do NYT'.

Nota: 5 / Skoob: 3 Estrelas

Minhas Vidas Passadas (A Limpo)

Minhas Vidas Passadas (A Limpo)
Mario Prata
171 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Junho.

Como já disse em resenhas passadas, gosto muito de Mario Prata. Para mim, se quiser dar uma relaxada, é só pegar um livro dele ou do Veríssimo. Este aqui foi um dos muitos de Prata que li e como sempre, gostei muito como pode ser lido logo abaixo!

Sinopse: O livro traz diálogos engraçados entre o autor, um médico e seis personagens de vidas passadas de Prata, como Ana de Betânia, a irmã de Lázaro, Anhanga, índio presente no dia do descobrimento do Brasil e até um homossexual inglês.

Prata
Resenha: O livro já começa bem na capa. Acima do título já tem uma pergunta que instiga a devorar as poucas páginas do livro: 'Ficção de Mario Prata?'. Depois de pensar um pouco, iniciei a leitura e percebi que não pararia de ler enquanto não soubesse como terminaria. E assim foi. Li o livro numa tacada só. A história é envolvente, instigante e, principalmente, divertida. Pensar em Mario Prata como um homossexual inglês ou mulheres da antiguidade foi bem engraçado.
Além disso, o livro trata sobre um tema que nem todos acreditam: a regressão de vida. As experiências do autor e os debates com o médico que está fazendo esta volta ao passado também ajudam a deixar o livro melhor.
Porém, ao terminar de ler esta obra, tenho a certeza de que este foi um dos livros mais fracos que já li dele, pois ele poderia ser mais detalhado e longo. Mas mesmo assim, é uma obra que recomendo a leitura.

+ Abaixo, um vídeo do Programa do Jô de 1998 em que Prata comenta o lançamento deste livro.


Nota: 8 / Skoob: 4 Estrelas


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Paris, 98!

Paris, 98
Mario Prata
108 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Maio, retratando a Copa de 98.

Sou um fã incondicional de Mario Prata. Para mim, tudo que ele escreve é perfeito. Mescla, com maestria, o humor e qualquer outro gênero literário, seja o policial, o histórico, como é o caso deste, ou em suas costumeiras e divertidíssimas crônicas. Por isso já vou avisando: esta resenha não é imparcial. Houve, com certeza, uma certa tendência de avaliar o livro positivamente pela minha admiração por este escritor.

Sinopse: Paris, França, 98. Copa do Mundo. Gregório, um brasileiro de classe média baixa, ganha numa promoção a chance de assistir os jogos da Copa da França ao vivo e jura para a mulher que vai só para vender os ingressos - afinal, estão devendo mais de 10 mil reais para um agiota. Mas, na hora H, tudo muda: nosso anti-herói decide desistir de tudo e ainda arruma uma amante. Mario Prata esteve pessoalmente na copa do mundo e retrata o cenário deste acontecimento histórico no mundo do futebol, mesclando com as desventuras de um dos personagens mais desastrados da literatura brasileira.

Mario Prata
Resenha: O livro já começa bem. Gregório, o personagem principal, já mostra seus defeitos logo de cara. Quando inicia a excursão para a França, o livro embala de vez. Humor refinadíssimo que rende boas gargalhadas ao longo do livro. Fiquei durante minutos imaginando ele e a excursão rumo à capital francesa. Ele e todas as figuras descritas por Prata.
Mas o melhor de toda a leitura é quando o desventurado Gregório chega ao seu destino. Prata mescla com perfeição as decorrências desta copa, desastrosa para o Brasil e desastrosa para o personagem. 
Recomendo veementemente a leitura deste livro para quem quiser dar boas risadas e quiser passar o tempo livre com uma literatura brasileira atual e boa. É muito bom mesmo. 

Nota: 10 / Skoob: 5 Estrelas


Desde Que o Samba é Samba

Desde Que o Samba é Samba
Paulo Lins
336 páginas

* Esta resenha faz parte do Desafio Literário de Maio.

Sou sambista e qundo vi este livro fiquei desesperado para comprá-lo e ler a obra de Paulo Lins, autor do aclamado livro que virou filme posteriormente 'Cidade de Deus'. Quando li a sinopse então, que você pode ler logo abaixo, vi que era necessário adquirir mais esta obra da literatura brasileira.

Sinopse: Em seu estilo inconfundível, que tanto agradou aos fãs em 'Cidade de Deus', Paulo Lins resgata, agora, momentos da formação cultural brasileira, através do samba, da Umbanda e no modo de vida no Rio de 1928 a 1931. Para isso, o autor conta a história de diversos personagens da formação do primeiro Bloco de Carnaval, da escola de samba Deixa Falar.

Paulo Lins, autor de 'Cidade de Deus'

Resenha: O começo do livro até que agrada. É um início bem devagar, mas as fortes características dos personagens e, principalmente, do ambiente agrada. A pesquisa feita por Paulo Lins mostra ter sido muito extensa e com uma perfeição exemplar, devido aos traços bem delineados ao longo de toda a narrativa.
Porém, o livro não engata. Apesar de ter retratado cenas com Ismael Silva e Tia Ciata com uma genialidade característica do primeiro e único romance de Lins, o enredo não mostra ao que veio. Esperei muito que outros personagens sambistas reais aparecessem, mas isso não aconteceu. É perceptível que Lins teve a ideia de criar um belo romance baseado em fatos completamente reais
porém, a distância desta ideia ao produto final, o livro, é muito grande.
É, não deu certo. Decepcionou. Agora fica a dúvida: será que Paulo Lins deu sorte com 'Cidade de Deus' ou este livro que não foi bem escrito mesmo?
Só vai ser possível descobrir mesmo no próximo livro de Paulo Lins.

+ Abaixo, uma entrevista de Paulo Lins comentando este seu novo livro.


Nota: 5 / Skoob: 3 Estrelas